E não importa o quanto eu diga, o quanto eu peça ou implore: nada irá mudar. Dentro de mim, uma bomba faz a contagem regressiva para explodir, mas eu a contenho. Não posso fazer isso. Sob o olhar incerto e frio da mulher à minha frente, que não demonstra sequer um pouco de remorso, mordo meus lábios. Tudo dentro de mim anseia para que eu pule e agarre seu pescoço violentamente, mas é claro que não farei isso. Afinal, ela não tem culpa. Talvez tenha um pouco sim, mas eu a entendo. Porque pra mim pode ter passado uma eternidade, mas para ela eu ainda preciso estar debaixo de suas asas, ela precisa guiar todos os meus passos e não permitir que eu vá à lugares que não são adequados para mim, tudo em nome da minha segurança. Sei que deve ser difícil para ela ver que eu já não sou aquela criancinha que necessitava dela para fazer praticamente tudo. Sei que acompanhar meu crescimento é uma coisa emocionante, mas ao mesmo tempo triste. Saber que aqueles momentos em que tudo era decidido por ela não existem mais. O respeito e a obediência ainda existem, é claro. Mas já cresci o suficiente para saber o que é certo e o que é errado. Tenho juízo, acredite. Jamais faria algo que prejudicasse à mim (pelo menos não propositalmente). Mas não adianta crescer tanto se minha mente continua a mesma. Eu não sou mais aquela criancinha mimada que chora para conseguir tudo o que deseja. Não, eu não sou mais assim, e já entendi isso faz tempo. Então, minha expressão suaviza e a bomba que ameaçava estourar em meu peito se perde em algum lugar distante do meu corpo. Mãe, eu sou uma garota grande agora. Mas não se preocupe: eu ainda te amo. E isso vai ser para sempre.
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